Primeira Liga 14/15 - 2ª Jornada - Paços Ferreira x FC Porto

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Num terreno tradicionalmente difícil, perante o treinador da época transacta - cheio de motivação -, com o Porto ainda longe do que pode fazer e face à gestão do plantel que Lopetegui decidiu realizar, antevia-se um jogo complicado, o que se acabou por confirmar..


De facto, a equipa de Paulo Fonseca apresentou-se extremamente organizada e foi competente no que pretendia fazer, povoando o seu meio-campo com a maioria da equipa e oferecendo deliberadamente a bola, sem nos conceder grandes espaços. O Porto, pelo contrário, fez um dos jogos mais desinspirados até agora, com muita posse mas sem grande rasgo (o que se acentuou com a estratégia do Paços, naturalmente) e só conseguindo chegar ao golo em cima do intervalo num erro de marcação ao Quintero, que, solto, fez um belíssimo cruzamento para o Jackson, finalizando o avançado com muita classe.


Na 2ª parte, a prestação do Porto deteriorou-se, estando a equipa pouco compacta em campo, bombeando muitas bolas para a frente e sem grande controlo do jogo, permitindo assim algumas oportunidades de golo à equipa do Paços, na qual se evidenciaram Sérgio Oliveira e Seri, dois ex-portistas.


Individualmente, sem que alguém se tenha efectivamente destacado, e sem que alguém tenha estado realmente mal, a equipa no geral não teve um bom desempenho, ainda assim é de se aplaudir o esforço de Jackson em prol da equipa, sendo a bóia de salvação na frente para segurar um pouco jogo e ajudando o meio-campo a circular a bola; o regresso de Quintero, que, não tendo feito uma exibição brilhante - foi até inconsistente -, deu perfumes do seu futebol desde que entrou até ao fim, e arrecadando uma assistência; e Casemiro, que fez em Paços talvez o seu melhor jogo até agora, dando finalmente provas que pode ser uma excelente opção para a posição 6. 
De lamentar apenas a lesão de Tello, que, quando finalmente tinha uma chance a titular, depois de dois bons jogos como suplente utilizando, teve de sair por lesão. Que regresse rápido!


Amanhã realizar-se-á a importantíssima 2ª mão do playoff da Champions, esperando-se que a equipa suba uns degraus no que pode dar aos adeptos e que Lopetegui apresente o melhor 11 disponível.


Daniel Novo (colaborador fcportovideos)







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Champions 14/15 - Playoff, 1ª Mão - Lille x FC Porto

quarta-feira, 20 de agosto de 2014



Estreia na Champions, e o Porto não vacilou num dos jogos mais importantes da temporada. Perante o 3º classificado da transacta Liga Francesa, com alguns bons valores individuais e com um ambiente ensurdecedor, Lopetegui surpreendeu no 11 inicial, apostando simultaneamente em Brahimi e Óliver para as alas, protegidos por um meio-campo combativo.

A estratégia pretendia, por um lado, fazer frente aos “tractores” do Lille através da quantidade de médios, e, por outro, impedir que os franceses aproveitassem as suas melhores armas. E funcionou. Além da excelente agressividade e reacção à perda de bola, que começam a ser características deste Porto, vimos também uma grande gestão da posse de bola (serve como prova os 70% que tivemos à passagem da meia-hora), quer em terrenos mais recuados, quer no meio-campo, impedindo assim o Lille de jogar o seu jogo, de ter espaços e de chegar sequer perto do golo. A única oportunidade que lhes foi concedida surgiu através de um erro individual, numa má abordagem do Maicon; de resto, o Porto fez defensivamente uma 1ª parte muito competente. 

Ainda assim, a “paga” disto, como se percebe, foi a (praticamente) inexistente produtividade ofensiva, pela falta de velocidade e profundidade, além de uns últimos 10 ou 15 minutos terríveis, que o Porto deu a ideia de estar a perder o controlo emocional, só querendo despachar a bola.
Na 2ª parte, felizmente, a atitude foi outra e a equipa entrou muito bem, não sendo portanto de espantar o golo apontado, com Rúben e Tello em evidência. A partir daí, o Porto partiu o jogo e a qualidade do seu futebol decresceu consideravelmente, vendo-se em demasia passes longos à procura de Jackson, jogadas apressadas ou jogadores sem apoios próximos. O Lille foi conquistando alguns ataques, mas até final aguentamos o resultado com poucos sobressaltos.


Individualmente, destacar o recordista Ruben Neves, naturalmente, que soma características de 6, 8 e 10 e que não se deixa impressionar por um jogo de Champions de pressão altíssima. Peanuts! Pena ainda não ter pernas para o jogo todo, mas quando está em campo, é sempre dos melhores em campo. Bravo, Rúben.

Nota muito positiva para o Alex Sandro, que defensivamente foi de topo, saindo também da pressão adversária sem grandes dificuldades; para o Maicon, que teve a “mancha” em cima referida, mas fora isso foi uma muralha; e para o Oliver, que me fascina por ser um criativo com uma capacidade de trabalho e de pressing incrível o jogo todo, não é muito habitual em jogadores desse perfil (sobretudo com aquela idade). Gostei também de alguma verticalidade do Casemiro, traços gerais fez um bom jogo; da entrada do Tello, que vai merecendo cada vez mais a titularidade; e da exibição de Jackson, que apesar de não ter marcado, foi sempre muito solidário, ajudando quer a defender, quer a construir, como é seu apanágio, e foi ainda a referência quando o jogo esteve mais partido. 


Negativamente, apenas o Herrera, que apesar do golo foi mais do mesmo; e o próprio Brahimi, que não se soltou muito da bola, teve uma séries de más decisões em campo e saiu sem dar nas vistas. 



Nota também para o Quaresma, a quem se pede uma atitude diferente quando se entra em campo para se segurar um resultado da Champions. Percebo que seja chato jogar “para aquecer”, 5 minutos não são nada; na minha opinião, até deveria ter entrado bem mais cedo - se era para se estar com o jogo partido, só o beneficiava. Mas isso não é desculpa, mais ainda se tivermos em conta que é um dos Capitães e um dos jogadores mais experientes do grupo – entrar e praticamente não correr, não segurar bolas, a primeira acção ser uma falta relativamente perigosa, cometida de forma displicente… Quem entra nestas circunstâncias tem de deixar a vida em campo – por mais frustrante que seja, a equipa tem de estar em 1º lugar. O Lopetegui certamente já conhece a mentalidade do Quaresma, para mim fez pouco sentido a sua entrada naquelas específicas condições de jogo; para isso mais valia ter entrado o Ricardo…



Em suma, colectivamente foi mais um jogo qb, numa partida que se antevia difícil e que não mostrou todo o futebol do Porto pela equipa titular escolhida. As opções do treinador podem ser criticadas ou aplaudidas - querer-se mais correndo o risco, ou saber jogar pelo seguro; certo é que o Porto sai de França com uma vitória por 1-0, magra mas sempre com peso nos jogos a matar.

Daniel Novo (colaborador fcportovideos)
 



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Primeira Liga 14/15 - 1ª Jornada - FC Porto x Marítimo

sábado, 16 de agosto de 2014


Todas as condições reunidas para uma boa casa (feriado, sexta-feira à noite, primeiro jogo oficial, muitas contratações entusiasmantes, forte presença de emigrantes em Portugal), o público portista correspondeu e o Dragão encheu. 48.036 adeptos é um belíssimo número para os reforços se acostumarem cada vez mais à grandeza do Porto.


Apesar de a exibição não ter sido de encher o olho, foi qb para esta fase e tornou a vitória incontestável, com oportunidades de golo suficientes para se merecer os 3 pontos. Coletivamente, confirmam-se todas as indicações da pré-época, para o bem e para o mal.



Pela positiva, a procura da posse de bola, a pressão alta, a reação à perda de bola e a quantidade de talento individual que consegue facilmente desequilibrar em situações de 1x1 e 2x2, que o coletivo pretende exponenciar através das constantes variações de centro de jogo, sobretudo com passes longos dos médios. É também agradável de se ver a ideologia que Lopetegui pretende adotar no Porto no que toca a princípios defensivos, nomeadamente o posicionamento da linha defensiva perto do meio-campo e jogar-se com a linha de fora-de-jogo, aspetos essenciais numa equipa que se queira basear na posse e instalar-se constantemente no meio-campo adversário.

Ainda assim, são também facilmente detetáveis os atuais defeitos desta equipa. A defesa mista nos cantos defensivos, a vulnerabilidade a transições nos cantos ofensivos, a pouca procura de jogo pelo centro do terreno (acentuada pelas tais mudanças de flancos) e a 1ª fase de construção. Estes dois últimos aspetos são particularmente importantes, visto que facilmente poderão determinar o maior ou menor sucesso da equipa.

Na saída de bola, ainda está tudo um pouco lento e previsível, com demasiada lateralização e falta de velocidade, o que só piora com as próprias características da dupla titular, Maicon e Indi; com tantos passes entre defesas, e muitas vezes de forma pouco desejável, aumentam também as probabilidades de algum dos quatro errar, o que facilmente deixa o Porto em apuros, visto que as coberturas certamente não serão as melhores; a somar-se a isto, não só a defesa não constrói como se pede, mas também os próprios médios (sobretudo os dois 8) pouco ajudam neste processo. No futuro, espero ver mais vezes quer Oliver, quer Herrera (ou outros que lá estejam) a descer constantemente no terreno, a pegar no jogo e a querer a bola desde trás. Espero também que pelo menos um dos centrais tenha a confiança e a qualidade para seguir em frente com a bola e furar linhas de pressão. E ainda que, ultrapassada esta primeira barreira, se veja mais jogo entre-linhas e mais jogo pelo miolo, solicitando-se mais apoios frontais ao Jackson e colocando-se Quaresma (ou outro) mais por dentro, deixando a largura apenas para os laterais; a ideia de se colocar Brahimi, Oliver ou Quintero num dos flancos é boa, mas só isso não chega. Na minha ótica, se Lopetegui conseguir implementar isto tudo (se é que é essa a sua ideia de jogo, claro…), daremos um salto qualitativo tremendo. Mesmo defensivamente a equipa ficaria beneficiada, visto que a equipa estaria mais coesa, mais apta a recuperar a bola e menos suscetível a contra-ataques.

No plano individual, o primeiro destaque tem que ser, naturalmente, para Rúben Neves, que está a chocar o futebol nacional pela sua maturidade em campo com tão tenra idade. É certo que tem muito a melhorar defensivamente, visto que ainda vai um pouco à queima à bola e facilmente se desposiciona; mas a agressividade que traz ao jogo (sem medo!), a sua intensidade natural, a qualidade com a bola no pé, seja pela tranquilidade a sair a jogar, seja no que toca a decidir rapidamente quando é pressionado, seja pela rotação, seja ainda pelo acerto do seu passe, curto, ou longo, a velocidade que imprime ao futebol da equipa através da verticalidade… com um jogador destes de 17 anos a brilhar, qual é o adepto que não está deliciado? Quem não ficou radiante ao ver o miúdo a marcar e festejar daquela maneira (ainda para mais com a falta de aposta em jogadores da casa, num histórico recente)? É certo que Rúben Neves não poderia ter pedido melhor conjuntura, pela lesão do Mikel, pela presença do Tomás no Europeu sub-19, pela venda do Fernando e pelo longo processo de negociações com o Real por Casemiro; mas também há que lhe dar muito mérito, porque se ali está, é porque fez por isso, foi dos melhores jogadores da pré-época e hoje voltou a ser dos melhores em campo (premiado, aliás). Não é Rúben Neves que tem de lutar pela titularidade; os outros é que lhe têm de tentar tirar o lugar…

Nota também para Lopetegui, porque finalmente vemos um treinador sem medo de olhar à formação, aparentemente, e que pouco relevo dá à idade e aos estatutos – para além do Rúben, Adrián nem saiu do banco, Casemiro começou lá, Tello idem, apesar das controvérsias todas, Fabiano continua como nº1… Resta ver como lidará com Quaresma e eventuais problemas de egos que venham a surgir ao longo da época.

De resto, nota muito positiva para Brahimi, que deixou bem claro hoje e nos amigáveis que vai ser facilmente um dos maiores desequilibradores da Liga (seja a médio, seja a extremo, tem é de jogar!); Oliver também impressiona pelo recorte técnico e pela inteligência; Tello entrou muito bem, facilmente poderá entrar no 11; e Danilo teve uma exibição sólida. Pela negativa, Quaresma, apesar da solidariedade defensiva e de ir dando umas graças em termos coletivos, sobretudo pelas temporizações e entendimentos com Danilo, continua a complicar e a querer demasiado protagonismo (nem falo das bolas paradas, que isso já é luta perdida…) – estar tão colado à linha também não ajuda…; e Herrera, que vai ser uma dor de cabeça o ano todo, porque vem cheio de protagonismo do Mundial e tem sempre excelentes pormenores em todos os jogos, além de, pelas características (físicas e condução de bola), poder vir a tornar-se importante neste Porto, mas oscila momentos deliciosos com total desinteresse pelo jogo, momentos de agressividade com e sem bola com momentos de inércia, jogos bem conseguidos com jogos em que nem aparece… hoje foi mais um desses, e fica difícil saber-se com o que podemos contar do mexicano.

É já dia 20 que vem a próxima partida, com um grau de pressão e dificuldade bem superiores a este encontro com o Marítimo. Será certamente um bom teste para se averiguar o que pode o Porto fazer nesse nível, contra um adversário forte, fora de portas e com a noção dos milhões que estão em causa, num jogo a doer. Por hoje, jogadores e equipa técnica podem descansar, com a ideia de dever cumprido.

Daniel Novo (colaborador fcportovideos)

 





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